Quilombolas levam cultura africana para a Feira Ecológica



Representantes de comunidades quilombolas do Litoral Sul do estado participam no próximo sábado (23), das 7h às 12h, da Feira dos Agricultores Ecologistas de Porto Alegre (rua José Bonifácio – bairro Bonfim), contribuindo com a valorização da cultura negra. Os quilombolas farão a apresentação e a comercialização do arroz africano (Oryza glaberrima), primeira espécie cultivada no Brasil, que vem sendo resgatada e multiplicada no Estado. O Oryza glaberrima se diferencia do arroz tipo asiático por ter sua coloração avermelhada. À tarde, haverá confraternização na Sociedade Floresta Aurora (avenida Coronel Marcos, 512 – bairro Ipanema), com apresentação do ensaio de promessas Kikumbi.

O 23 de agosto foi proclamado pela Unesco como o Dia Internacional da Memória do Tráfico de Escravos e da sua Abolição. A data recorda o mesmo dia em 1791, em Santo Domingo, em que se registrou o início de uma sublevação que seria decisiva para a abolição do comércio de escravos. Na sua mensagem, a Unesco declara que este dia representa uma boa ocasião para recordar à comunidade internacional a “tragédia” da escravatura, “um crime contra a humanidade”.

Resistência cultural

O Oryza glaberrima é originário do vale do Rio Níger, na África, e foi introduzido no Brasil por volta de 1600, antes mesmo do arroz asiático, hoje disseminado comercialmente no mundo todo. As sementes garantiram a subsistência dos africanos trazidos para as Américas e simbolizam a resistência cultural dos negros escravizados, que chegaram a ser proibidos pela Coroa Portuguesa de cultivar o grão.

O projeto destinado a resgatar o arroz africano e promover a etno-agricultura teve suas bases lançadas em 2005, resultado de parceria entre a Oscip GUAYÍ, o Núcleo de Economia Alternativa (NEA) da UFRGS, Federação Quilombola do RS e Petrobras. O resgate, o cultivo e a disseminação do “arroz quilombola” objetiva promover alternativa de geração de renda nas comunidades quilombolas gaúchas, valorizar a contribuição da cultura africana, oportunizar conhecimentos de práticas de tecnologias ecológicas e promover ações de intercâmbio cultural e comercial com consumidores. O arroz africano está sendo cultivado ecologicamente em oito comunidades quilombolas do RS, localizadas nos municípios de Restinga Seca, Palmares do Sul, Mostardas e Tavares.

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