Origem e História



Fundada em 2001 e legalmente constituída como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), a GuayíDemocracia, Participação e Solidariedade  tem origem em duas experiências históricas importantes na política gaúcha. A primeira delas é o GEA (Grupo de Estudos Agrários), criado em 1979 que posteriormente se transformou em GEA – Formação e Assessoria Sindical com atuação junto ao movimento social (urbano e rural), movimento sindical e na luta pelos direitos da mulher. A segunda base para a formação da entidade foram as experiências das gestões da Administração Popular na Prefeitura de Porto Alegre no período de 1988 a 2004 que constituíram um forte referencial no campo da gestão participativa, da luta pelos direitos humanos, da participação e controle social das políticas públicas e do protagonismo popular na decisão do orçamento do município.

No ano de 2003 se somam ao quadro da GUAYÍ um conjunto de militantes ecologistas que protagonizaram umas das experiências mais exitosas do ecologismo brasileiro, a Cooperativa Ecológica Colméia criada em 1978. As experiências de trabalho, as metodologias, as visões sociais de mundo, os quadros dirigentes e a equipe técnica da GUAYÍ são oriundos em grande parte destas entidades e espaços políticos.

A constituição da GUAYÍ é resultado da reflexão de um conjunto de militantes sobre o significado, os limites e as potencialidades das experiências acima citadas e sobre as mudanças nas dinâmicas de organização das lutas sociais. Do surgimento de uma nova cultura política baseada na horizontalidade, pluralidade, diversidade, democracia, participação e no internacionalismo. Na reflexão sobre as experiências de democracia participativa no exercício do poder político e da urgência da democratização radical das estruturas de governo e das políticas públicas. Das alterações econômicas em escala global e da potencialidade da auto-organização econômica das(os) trabalhadoras(es) e da necessidade de democratizar o conhecimento e o acesso às tecnologias de comunicação e informação.

O cenário político, o ambiente cultural e intelectual que Porto Alegre experimentou no início do século XXI com a realização de quatro edições do Fórum Social Mundial também foi um ingrediente fundamental para o surgimento da GUAYÍ e fonte essencial para seu rápido desenvolvimento. Os princípios e valores que nortearam a criação da GUAYÍ estavam profundamente identificados com a cultura política construída e difundida pelo Fórum Social Mundial. Os eventos possibilitaram a articulação de inúmeras convergências e parcerias, constituindo-se num grande espaço de acúmulo político e organizativo para a entidade.

No seu tempo de vida, a entidade acumulou experiências importantes que nos permitem uma reflexão mais aprofundada sobre nossa ação e sobre a prática educativa que procuramos desenvolver, buscando uma concepção metodológica que promova, no desenvolvimento de projetos e na parceria com as políticas públicas, a auto-organização popular comprometida com a garantia de direitos e de uma vida melhor, na perspectiva de construção de uma sociedade mais justa.

EXECUÇÃO E GESTÃO DE PROJETOS NOS PRIMEIROS ANOS

1. Assessoramos 18 comunidades quilombolas em agricultura ecológica, agroindustrialização, artesanato e comercialização com o Projeto Compras Coletivas Quilombolas Em Rede (2004/2006). Projeto financiado pela Petrobras-Fome Zero teve a coordenação conjunta da ONG Palmares e da DRT/RS. A Guayí ficou responsável pelos trabalhos de inclusão social, transição para agricultura de base ecológica, formação em gênero, raça e etnia, capacitação dos quilombolas para participação em Feiras e Redes e segurança alimentar e nutricional.

2. Organizamos a participação de agricultores familiares do Litoral Norte na Feira Agropecuária de Capivari em julho de 2005. Envolvemos agricultores familiares açorianos, quilombolas, guaranis, pescadores do mar aberto e pescadoras de água doce, adultos e jovens, homens e mulheres, do litoral norte de Maquiné, Osório, Terra de Areia, Morrinhos do Sul, Palmares do Sul, Pinhal, Tavares e Mostardas, que comercializaram artesanato, hortifrutigranjeiros, cereais, pescados e administraram a praça de alimentação. Neste projeto trabalhamos inclusão social, gênero, raça e etnia, geração de trabalho e renda, segurança alimentar e nutricional. Este projeto foi financiado pelo MDA.

3. Organizamos o Seminário da Agricultura Familiar da Península do Litoral Norte onde discutimos a realidade local. Projeto em parceria com a Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do RS, Emater/RS, Sindicatos de Trabalhadores Rurais e Prefeituras Municipais.

4. Polos de Biomineralização: O Núcleo de Ecologia e Agriculturas difunde seu trabalho em 11 Pólos: Bagé, Piratini, Porto Alegre, Mostardas, Dona Francisca, Erechim, Liberato Salzano, Iraí, Crissiumal e Maquine, Cerro Grande do Sul. . Nestes pólos transição para agricultura de base ecológica, atuação em redes estaduais, geração de trabalho e renda, segurança alimentar e nutricional, participação e metodologias participativas e articulação da pesquisa e ensino. Este Projeto é financiado pela Guayí, agricultores e instituições parceiras, em andamento.

5. Participamos desde 2003 da Expointer no Pavilhão da Agricultura Familiar organizando espaços de difusão da agricultura ecológica e de comercialização junto com os agricultores familiares dos 14 Pólos de Biomineralização.

6. Realizamos, 2006-2008, o Projeto de Divulgação das Políticas para Jovens Agricultores Familiares (homens e mulheres) em Agricultura Ecológica, Administração Rural e Associativismo que envolveu mais de 900 agricultores e agricultoras jovens e adultos. Neste projeto realizamos o Seminário Nacional de Agricultura Negra e Quilombola e o Seminário Nacional de Tecnologias Sociais Para a Agricultura Familiar – Biomineralização.

7. Realizamos, 2006-2009, o Projeto de Viabilização de jovens agricultores e agricultoras familiares beneficiárias da linha Nossa Primeira Terra do Programa Nacional de Credito Fundiário através de boas práticas de gestão na propriedade rural e da agricultura com base ecológica no Estado do Rio Grande do Sul que envolveu 750 jovens, patrocinado pelo MDA. Já finalizado.

8. Estabelecemos em 2008 a parceria Sementes Livres com a Associação Software Livre, com intervenções nos Fóruns de Software livre que se realizaram nos anos de 2008, 2009 e 2010.

9. Projeto Arroz Quilombola iniciou em 2006 com o patrocínio da Petrobras e em 2007 recebeu o apoio do MDA. No ano de 2008, recebeu o apoio da Associação Software Livre que doou dois engenhos de arroz para duas comunidades quilombolas permitindo assim maior autonomia. O projeto visa resgatar a semente livre de arroz quilombola, valorizar a contribuição da cultura negra para a sociedade brasileira, oportunizar conhecimentos de práticas de tecnologias ecológicas inovadoras, promover ações para segurança e soberania alimentar das comunidades, promover ações de geração de renda, valorizar o trabalho da mulher quilombola e promover ações de intercambio cultural e comercial com consumidores urbanos.

10. Mantemos permanentemente aos sábados a Banca dos Nutracêuticos na Feira Ecológica de Porto Alegre.

EXPERIÊNCIA NA GESTÃO DE COMPLEXOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS E REDES DE COOPERAÇÃO

  1. Rede Industrial da Confecção Solidária (RICS), ancorada num Termo de Parceria entre a Guayí e o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), a RICS é uma das experiências mais exitosas da Economia Solidária no Rio Grande do Sul.

2. Quilombo do Sopapo: constituído em 2006 a partir de um Convênio dos Pontos de Cultura do Ministério da Cultura, o Quilombo do Sopapo se constitui hoje como um importante território de resistência cultural na Região do Cristal, em Porto Alegre.

3. Associação dos Empreendimentos em Rede do Rio Grande do Sul (EMREDE-RS): articulada pela Guayí no bojo dos processos de comercialização dos Fóruns Sociais Mundiais, a EMREDE é formada por um conjunto de Empreendimentos do segmento da confecção, alimentação, agricultura familiar e artesanato.

 4. Complexo de Empreendimentos de Economia Popular Solidária – Km21: é um espaço de inclusão produtiva fomentado pela Prefeitura Municipal de Bagé e tem a consultoria especializada da Guayí desde 2011 para desenvolver a formação e constituição de Empreendimentos de Economia Solidária formados por 100 jovens e mulheres em situação e vulnerabilidade a violência. O Complexo constitui-se como um espaço de incubação e fomento a produção na área da construção civil, pavimentação de ruas, produção de blocos de pré-moldados para pavimentação, produção de placas de sinalização e serviços de paisagismo e jardinagem.

 5. Rede de Economia Solidária e Feminista: constituída pela Guayí, em julho de 2012, como resultado do Projeto Brasil Local Economia Solidária Economia Feminista, esta Rede conta com a participação de 210 Empreendimentos de Economia Solidária (rurais e urbanos) localizados em 9 estados.  representando mais de 4 mil trabalhadoras.