Projeto “Rede Jovem de Cidadania do Cristal”



JUSTIFICATIVA

Sabe-se atualmente que os problemas associados às diversas formas de violência têm origem não apenas na questão socioeconômica, mas principalmente têm vínculo com aspectos culturais. A construção da identidade sociocultural, no mundo contemporâneo, não pode ser dissociada das diversas mídias, que têm a capacidade de diminuir as distâncias, de informar, de entreter, de influenciar modas e comportamentos, de pautar os temas de natureza pública, etc.

Cada vez mais os meios de comunicação têm posição central ao criar representações sobre a realidade, influenciando nosso modo de viver, de pensar, de nos relacionarmos com o outro e de enxergar o mundo. Mais do que nunca, a democracia social e política passa pela afirmação de uma cultura democrática, ou seja, de uma cultura de respeito mútuo e de diálogo para a construção de um mundo mais justo, harmônico e sustentável. Uma cultura que privilegie a vida depende de uma nova consciência planetária e de uma profunda alteração na escala de valores que rege os indivíduos e o mundo. E os meios de comunicação têm papel fundamental nessa tranformação de uma cultura de guerra para uma cultura de paz. A partir dos meios de comunicação, nos solidarizamos com o outro, mas também nos tornamos indiferentes pela banalização da vida através das imagens.

Quando os meios de comunicação são controlados por governos autoritários, conglomerados empresariais, grupos políticos e/ou por igrejas, é a própria democracia que está ameaçada. Por isso a importância de projetos e iniciativas que estimulem ações educativas no campo da comunicação social e da cultura, possibilitando em especial às crianças, aos adolescentes e aos jovens conhecer a linguagem, o formato e a lógica das diferentes mídias.

No ritmo das fusões de grandes conglomerados da mídia e da indústria do entretenimento, a lógica dos meios de comunicação tem sido mais a de formar consumidores ao invés de cidadãos. Por isso, o exercício pleno da cidadania, numa concepção local e planetária, passa não apenas pelo direito à informação, como tem se postulado ao longo do tempo, mas pelo direito de comunicar, pelo direito de expressar antagonismo e diferença, pelo direito de nomear o mundo com o vocabulário próprio das comunidades, etnias, movimentos sociais, quase sempre excluídos e marginalizados da cobertura dos meios de comunicação.

Se informação é poder, a comunicação, numa perspectiva dialógica, é a base da democracia. Em sociedades complexas e paradoxais como a nossa, a comunicação e a informação, emergentes a cada instante, são construtoras da realidade ao criar vínculos sociais entre indivíduos dispersos no tempo e no espaço. Por isso a importância vital da comunicação na construção da democracia, da participação e da solidariedade, valores norteadores da ação da OSCIP Guayí. Atualmente, já não se trata de aceitar ou não as tecnologias da informação e da comunicação, mas de vê-las como projeto de construção de mundo, de saber como devemos nos relacionar com elas e com a linguagem midiática para organizar a nossa ação como indivíduos e como grupos sociais.

SITUAÇÃO ESPERADA AO TÉRMINO DO PROJETO

A necessidade de construir alternativas para que um maior número de pessoas, em especial jovens e adolescentes, sejam incluídas socialmente e produtivamente, adquirindo uma nova consciência planetária a partir da educação e da cultura é o elemento fundante deste projeto. Com o desencadeamento das ações aqui previstas, contribuiremos com as condições para que um número significativo de jovens e de famílias construam saberes teóricos e práticos necessários para uma nova relação com o outro e com o ambiente, num mundo em que o local e o global estão interligados e a lógica das mídias muitas vezes estimula o surgimento de consumidores em detrimento de cidadãos.

Ao mesmo tempo, o projeto ora proposto busca integrar as atividades práticas protagonizadas pelos jovens às realidades, especificidades e histórias dos moradores da comunidade, tecendo narrativas interligadas que respeitem os saberes locais e possibilitem o reconhecimento de si através do outro, num exercício de alteridade fundamental para o aprofundamento da cultura democrática e para a afirmação de uma cultura de paz. Num mundo em que as mídias operam globalmente e se consolidam como atores fundamentais nas sociedades democráticas, ter o direito a ser visto e ouvido equivale a ter o direito de existir como indivíduo e como grupo social. O projeto pretende proporcionar justamente a oportunidade de participação cidadã em atividades coletivas de produção cultural que busquem exercitar o protagonismo juvenil e a capacidade crítica.

DESCRIÇÃO DO PROJETO

O projeto busca potencializar o protagonismo dos jovens e adolescentes na produção cultural, contribuindo com o resgate da auto-estima, o reforço da identidade coletiva, o estímulo à sociabilidade e ao crescimento intelectual. O presente projeto será estruturado a partir dos equipamentos públicos já existentes no Bairro Cristal, como o “Telecentro”, administrado pela Prefeitura de Porto Alegre, e em especial o Ponto de Cultura “Quilombo do Sopapo”, projeto do Ministério da Cultura desenvolvido pela entidade social proponente, que disporá de um estúdio de gravação multimídia, em fase de instalação, voltado para a produção musical de grupos culturais da comunidade.

Além de estimular a utilização dos equipamentos públicos e a integração das iniciativas culturais já existentes na região, o presente projeto propõe a realização de cinco oficinas, com o objetivo de estimular a formação de cidadãos com capacidade para fazer leitura crítica das diferentes mídias, assim como possibilitar aos jovens envolvidos atividades práticas que resultem em produção cultural envolvendo narrativas de texto, fotografia, vídeo e áudio.

OBJETIVO GERAL

Realizar oficinas para estimular a formação de cidadãos com capacidade para fazer uma leitura crítica dos meios de comunicação, assim como capacitar os jovens e adolescentes a produzir narrativas em texto, imagem, áudio e vídeo, tendo como foco a realidade local e a integração com as diversas instâncias sociais e culturais da comunidade. O projeto busca ainda contribuir com a construção de uma cultura de paz e com o fortalecimento da democracia, tendo por base o protagonismo, o estímulo ao respeito mútuo e a afirmação de identidades coletivas, além de favorecer o despertar de vocações e de eventuais iniciativas de geração de trabalho e renda.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Realizar cinco oficinas com jovens do bairro Cristal, sendo uma geral, de capacitação na crítica das práticas midiáticas, e quatro específicas para formar comunicadores comunitários com ênfase em fotografia, produção de texto, videodocumentário e produção radiofônica;

2) Integrar os equipamentos públicos (Telecentro e Ponto de Cultura “Quilombo do Sopapo”) e as iniciativas culturais de jovens da comunidade ao projeto Rede Jovem de Cidadania;

3) Organizar mostras culturais no Ponto de Cultura “Quilombo do Sopapo” e no Telecentro do Cristal com os trabalhos produzidos pelos jovens nas oficinas de formação;

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