Quilombolas Em Rede – Projeto Compras Coletivas



O Projeto Compras Coletivas se insere na política nacional voltada para o etnodesenvolvimento das Comunidades Remanescentes de Quilombos e recolhe na economia solidária a força emancipatória que o caracteriza e o distingue de outras políticas de caráter meramente compensatório ou assistencialista, normalmente implementadas em comunidades pobres.

O Projeto pretende viabilizar o acesso a alimentos em quantidade, qualidade e permanência, necessárias a satisfação das exigências nutricionais básicas, conforme parâmetros da segurança alimentar e propiciar a organização social e econômica da população quilombola baseada nos princípios e valores da Economia Solidária.

Destaca-se a sua lógica territorial, de revalorização do espaço local, que permite articular múltiplas dimensões, como a social, humana, cultural, ambiental, étnica, política e econômica, em favor da construção de um tipo de desenvolvimento cuja concepção esteja baseada na convivência harmoniosa entre os valores que se relacionam com o bem-estar social e a qualidade de vida humana e aqueles identificados com os aspectos econômicos.

Esta concepção de desenvolvimento local encontra sustentação em três pilares: “a participação cidadã, a cooperação ativa e a capacitação integral dos sujeitos sociais”.

O Projeto Compras Coletivas, a partir de sua concepção metodológica, propicia um longo processo de articulação e interação local, que garante a materialização desses três pilares e cria as condições para a construção do desenvolvimento desejado, que tem como perspectiva a auto-sustentabilidade e a autogestão.

O Projeto tem como meta, no período de um ano, ampliar o poder de compra da população quilombola (atingida por suas ações) em aproximadamente 25%; associar à Rede de Consumo (compras coletivas), aproximadamente 75% das famílias; constituir um Fundo Cooperativo através do investimento de parcela do valor mensal poupado nas compras coletivas (de 10 a 15%);

Identificar produto próprio organizando em Rede de Produção e Comercialização 20 comunidades quilombolas e desenvolver Marca e Selo identificados com os remanescentes de quilombos.

O investimento no projeto será no valor de R$ 499.099,10 (quatrocentos e noventa e nove mil e noventa e nove reais e dez centavos). O número de famílias atingidas será de aproximadamente 1300, o que envolve em torno de 5.200 pessoas.

Para dimensionar o alcance do projeto, do ponto de vista da renda das famílias que participarão da Rede de Consumo, é importante acompanhar o seguinte raciocínio: na hipótese de 01 família economizar 25% ao mês em uma compra coletiva no valor de R$150,00, terá uma poupança de R$ 37,50 ao mês. 1330 famílias (total do projeto – 20 comunidades) no mês, pouparão R$ 49.875,00, que gerará um Fundo Cooperativo mensal no valor de 7.481,25 (15% da poupança); no período de um ano terão poupado 598.500,00 e gerado um Fundo Cooperativo no valor de R$ 89.775,00.

Quanto à possibilidade de produção voltada para o mercado externo, na hipótese da Rede de Produção e Comercialização articular 20 comunidades, associando 640 produtores familiares quilombolas, para cultivar 640 hectares de canjica, terá uma produção de 960 toneladas por safra, obtendo uma renda de R$ 864.000,00. Destaca-se que o mercado externo identificado são as casas de religião de matriz africana (grandes consumidoras de canjica, feijão miúdo, azeite de dendê, etc.), sendo que no estado do Rio Grande do Sul tem 85 mil casas e na região metropolitana de Porto Alegre, 20 mil. Segundo dados do IBGE, 1,6% da comunidade gaúcha se reconhece como de religião matriz africana. A média nacional é 0,3%.

Fotografias da comunidade de Formiguinha:

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