RICS – Rede Industrial de Confecção Solidária – Ecosol EMREDE



APRESENTAÇÃO

Desde o Fórum Social Mundial 2003, a OSCIP Guayí vem fomentando a constituição da rede Eco-sol EMREDE. No FSM 2005, a EMREDE articulou a produção de seus associados, parceiros e convidados nas prioridades da organização junto ao GT de economia solidária nas seguintes áreas: bolsas dos participantes, bolsas do acampamento da juventude, sabonetes ecológicos do acampamento, camisetas, cabines para tradução, equipamentos eletrônicos de transmissão, instalação de pisos, aventais e bandanas. A EMREDE organizou um espaço de divulgação e comercialização no FSM 2005 chamado de “Centro Experimental”, onde estiverem presentes seus empreendimentos associados, parceiros e convidados. O Centro Experimental contou com uma praça de alimentação, com comercialização de artesanato, confecção, produtos ecológicos, atividades artísticas e culturais e com dois espaços de ciber.

A EMREDE é composta por empreendimentos e entidades cuja associação é aprovada em Assembléia Geral, além de parceiros e convidados. É organizada por Núcleos Autogestionários por Segmento Econômico – NASE. Cada núcleo realiza a autogestão de suas atividades e compõem o Conselho de Administração e Fiscal. Existem os núcleos de confecção, alimentação, artesanato, agricultura e ecologia e serviços. Existem as comissões de trabalho de autogestão, oportunidades de negócios e fundo solidário, este sustentado pela contribuição mensal e dos negócios captados pela rede.

.II – Infra – estrutura Física disponível para o Projeto

A Guayí dispõem de uma sede localizada na região central de Porto Alegre, composta de 6 salas equipadas (mesas, cadeiras, computadores, impressoras, internet, telefones) e 01 sala de reuniões. A Rede de Confecção Industrial Solidária possui um escritório localizado no Bairro Santa Tereza composto de uma sala equipada com mesas e cadeiras, computador e impressora, telefones, Internet além de espaço para cursos de qualificação. Os empreendimentos a serem incubados já atuam em espaços físicos próprios e/ou comunitários, sendo necessário pequenas adequações e investimento em algumas máquinas e equipamentos específicos para produção industrial.

.III – Apresentação

O presente projeto insere-se na mobilização nacional de combate à fome e nas políticas públicas de geração de trabalho e renda para população atingida pelo desemprego e pela exclusão social, especialmente as mulheres de baixa renda e dificuldades de inclusão no mercado de trabalho.

O projeto contempla a incubação externa de empreendimentos solidários, via a ampliação e consolidação da Rede de Confecção Industrial Solidária. A Rede é composta por empreendimentos autogestionários e instituições não governamentais que atuam no segmento de produção industrial em escala e faz parte Associação dos Empreendimentos Solidários EMREDE do Rio Grande do Sul.

A concepção do projeto é organizar os trabalhadores em unidades de produção em seus locais de moradia fortalecendo os laços comunitários e solidários, com aposta no desenvolvimento local sustentável e na consolidação da economia popular e solidária.

O projeto objetiva trabalhar com grupos em que 95% das integrantes são mulheres. Destacamos a participação da maioria de mulheres pois são elas que mais sofrem com a situação de vulnerabilidade por serem as mais pobres do país e da nossa cidade.

O crescente quadro de feminilização da pobreza e miséria no Brasil coloca como um desafio articular ações concretas que superem as desigualdades entre homens e mulheres, considerando que as mulheres ainda são as principais responsáveis pela execução de determinados papeis sociais, como o cuidados dos filhos, a organização da vida doméstica, etc, com o agravante das dificuldades reais de inserção no mercado de trabalho formal.

Este projeto visa articular políticas de trabalho, para proporcionar a ampliação da autonomia das mulheres e alterar a divisão sexual do trabalho.

.IV – A Rede de Confecção Industrial Solidária – RCIS

A Rede de Confecção Industrial Solidária (RCIS) está se consolidando a partir do convênio entre a Guayí e o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), que permite a incubação externa de quatro unidades produtivas, sendo que três encontram-se inseridas nos seus bairros e articuladas com suas associações comunitárias e uma funciona dentro do Presídio Feminino Madre Pelletier.

A RCIS é um segmento articulado pela EMREDE e envolve o GHC e cinco empreendimentos associados descritos a seguir:

OSCIP Guayí responsável pela incubação externa dos empreendimentos e da RCIS, que envolve gestão, planejamento, qualificação, gestão ambiental e ampliação da RCIS, assim como acompanhamento, formalização e formação das quatro unidades produtivas e trabalhadores envolvidos.

Empreendimento de corte, controle de qualidade e logística localizado no Bairro Santa Tereza, em espaço próprio;

Empreendimento de costura “Costurando e Tecendo Cidadania”, que possui apoio e inserção comunitária, localiza-se junto à Associação Comunitária Campo da Tuca, no bairro Partenon.

Empreendimento de costura “Renascer” que possui inserção e apoio comunitário e localiza-se dentro da incubadora popular comunitária do Loteamento Cavalhada.

Grupo de costura composto por oito apenadas do Presídio Feminino Madre Pelletier, ocupa uma sala dentro do presídio, sob responsabilidade da SUSEPE e da Guayí.

Através deste convênio, O GHC se responsabiliza pelo fornecimento dos insumos e matérias primas para a produção de 14.500 peças mensais de roupas hospitalares pela RCIS por 12 meses, e pela orientação técnicas de corte e costura e acompanhamento nos 3 primeiros meses de produção. Atualmente as unidades produtivas contam com 24 trabalhadores, que estão entrando no mercado para responder a esta demanda, sendo 22 mulheres e 02 homens. O escritório da Guayí responsável pela RCIS funciona no Bairro Santa Teresa, junto com o empreendimento de corte, controle de qualidade e logística.

A concepção deste projeto é ampliar a RCIS, através da identificação de novas unidades produtivas em outras regiões da cidade ou região metropolitana, e da ampliação das unidades existentes ao agregar mais trabalhadores. A identificação de novos parceiros, onde a RCIS possa ofertar produto de qualidade, com custos menores que o mercado, contribuindo para a consolidação de um novo processo produtivo baseado na solidariedade, na autogestão, e na união de pequenos empreendimentos em forma de rede. O mercado potencial da RCIS é muito rico na região metropolitana, pois existe grande quantidade de hospitais públicos e privados, hotéis, motéis, assim como, muitas empresas que tem como custo fixo a utilização de uniformes, como empresas de segurança, metalurgia, etc.

As concepções de incubação neste projeto são sociais e econômicas. Sociais porque os empreendimentos incubados são selecionados entre aqueles que tem pouca produção e seus trabalhadores com pouca chance de serem incluídos no mercado formal de trabalho, significando a viabilização de trabalho e renda. E econômica significando a criação e fomento de novas formas de organização e atuação no mercado, sugerindo e intervindo para a consolidação de um modelo econômico sustentável baseado na autogestão, cooperação e solidariedade.

.II. Justificativa

As duas últimas décadas do séc. XX apresentaram uma novidade no contexto brasileiro em que, mesmo quando houve crescimento econômico, os índices de desemprego mantiveram-se altos, resultante de processo de reestruturação produtiva com a eliminação significativa de postos de trabalho formal e conseqüente informalização de um contingente da força de trabalho. Essa situação está articulada com a desestruturação do Estado e dos mecanismos de proteção social (DIEESE, A situação do trabalho no Brasil. São Paulo: DIEESE,2001).

Em fevereiro de 2005, na cidade de Porto Alegre (conforme boletim da PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego / Porto Alegre, fevereiro, 2005: FEE/FGTAS/SINE-RS/SEADE/DIEESE), a taxa de desemprego estava em 14,3%, representando um contingente de 258 mil desempregados. Entre as mulheres, descendentes afros e jovens com baixa escolarização a taxa de desemprego chega próximo aos 25%.

A resistência em busca da sobrevivência praticada pelos setores sociais atingidos ocorre basicamente através do subemprego, do trabalho temporário ou de atividades informais de baixíssima rentabilidade e alta instabilidade. Neste contexto, as mulheres da periferia de Porto Alegre que, como das demais cidades de médio e grande porte, têm assumido importante papel na responsabilidade da reprodução e manutenção do núcleo familiar, encontram maior dificuldade para cumprir a educação formal e adquirir profissionalização e acabam ocupando-se das atividades mais precarizadas e instáveis disponíveis. O índice de desemprego, considerando apenas as mulheres, sobe para próximo de 17,4% (idem boletim da PED / Porto Alegre).

Estes segmentos da população têm apresentado formas de sobrevivência empreendedoras, individuais ou em grupos, assentadas no próprio conhecimento precário adquirido anteriormente na tradição familiar, no antigo trabalho ou em cursos profissionais geralmente dissociados da sua inserção laboral. Estas formas espontâneas de trabalho constituem atividades empreendedoras caracterizadas pela baixa mobilização de recursos financeiros, descapitalizadas; são atividades intensivas em trabalho, com poucos e defasados meios de produção, nenhuma tecnologia ou processo inovativo; os trabalhadores carecem de noções de gerência, controle, custos, vendas e marketing.

Uma das atividades que tem servido como alternativa concreta de geração de trabalho e renda, em particular para as mulheres, é a confecção. No segmento de confecção a EMREDE tem atuado diretamente junto à quatro empreendimentos que compõem a Rede de Confecção Industrial Solidária – RCIS.

O desafio desse Projeto é propiciar melhores condições para uma inserção econômica sustentada destes empreendimentos solidários, possibilitando maior agregação de valor na produção, com conseqüente aumento de renda para os trabalhadores excluídos socialmente e respectiva acumulação em meios de produção, tecnologias, conhecimentos e inclusão social. A necessidade da gestão coletiva – autogestão – imprescindível para conquistar espaços no mercado que garantam agregação e realização de renda só será construída através da prática concreta da atividade econômica sistemática e organizada, com apoio técnico na formação para a autogestão e na busca de oportunidades de negócios gerando resultados econômicos.

O presente projeto pretende intervir nos nichos de mercado institucional – empresas públicas e privadas – voltados para a confecção industrial e em escala, o que podem constituir-se na ampliação e consolidação da rede de confecção industrial solidária, ampliando o número de trabalhadores envolvidos.

Viabilizar a produção da confecção necessária (roupas hospitalares e uniformes) para as empresas da iniciativa pública e/ou privada por grupos de trabalhadores desempregados e, com isso, além de gerar renda imediata, propiciar uma experiência concreta de associativismo solidário, formação de empresas autosustentadas e abertura de novas oportunidades de mercado significam um investimento com objetivos sociais claros.

O Projeto Rede de Confecção Industrial Solidária está organizando uma estrutura de produção pela EMREDE, através do segmento de confecção. Para este fim, deve dispor de formação para autogestão, qualificação profissional, assessoria para a atividade econômica, gestão de rede e informatização para gestão contábil e administrativa, controle e planejamento dos empreendimentos e da rede, bem como apoio na prospecção de novos negócios.

A importância deste projeto está no seu pioneirismo. Suas ações geram novas políticas públicas que combinam o custo operacional com política social tendo resultado econômico positivo. E também as ações geram novas relações de trabalho fundadas na união, na cooperação, na solidariedade e na articulação em redes, obtendo resultados econômicos efetivos. As ações articuladas em seu conjunto devem servir de modelo para uma política pública de geração de renda que tenha efetividade no resultado econômico e, ao mesmo tempo, estimule a qualificação para a emancipação individual e coletiva dos cidadãos, com evidentes ganhos sociais. A experiência coletiva de realizar a gestão do trabalho, assumindo novas responsabilidades e dimensões é educativo e libertador para a prática social. A rede se organiza por cooperativas que fazem sua própria gestão e negociam seus acordos na rede para a ação comum na atividade econômica. Este aprendizado só é possível neste tipo de experiência. A responsabilidade social está vinculada ao fomento à atividade econômica autogestionária com acumulação de conhecimento e busca de autosustentabilidade.

A realização deste projeto servirá como exemplo a ser seguido pelas demais Empresas públicas e privadas, criando oportunidades não só para a ampliação da EMREDE como para a formação de novas redes e novos segmentos como o de alimentação, artesanato, etc. Com o efeito multiplicador desse projeto, na medida em que novos projetos e programas com as mesmas características sejam implementados a partir desse exemplo, a área de influência das cooperativas solidárias e das redes tende a aumentar mais ainda. Amplia, assim, o público beneficiado direta e indiretamente por esta alternativa ao desemprego.

.III.Público Alvo

O público alvo do Projeto são os(as) trabalhadores(as) dos empreendimentos solidários do segmento de confecção, especialmente mulheres de baixa renda e com dificuldades de inclusão no mercado de trabalho.

O projeto contempla 64 trabalhadores diretos, sendo que 24 já atuam nos quatro empreendimentos existentes na rede e 40 serão agregados no projeto, atingindo indiretamente 256 pessoas, partindo do critério de famílias constituídas por 4 pessoas na média.

.V. Objetivo Geral

Ampliar a rede de confecção industrial solidária, fortalecendo os quatro empreendimentos existentes e constituindo quatro novos empreendimentos, em parceria com Empresas constituídas da Iniciativa Pública e Privada, com geração de trabalho e renda para os trabalhadores excluídos socialmente e com a respectiva acumulação em meios de produção, tecnologias, conhecimentos e inclusão social.

.VI. Objetivos Específicos

1.Fortalecer os quatro empreendimentos atuantes na rede de confecção industrial solidária;

2.Constituir e inserir quatro novos empreendimentos para ampliação da rede de confecção industrial solidária;

3.Qualificar os trabalhadores da confecção para autogestão dos empreendimentos e para consolidação de rede de confecção industrial solidária;

4.Aperfeiçoar o sistema de logística da rede para a circulação e distribuição da matéria prima e produto final;

5.Qualificação profissional dos trabalhadores para produção industrial em escala;

6. Implantar um sistema informatizado para gestão da rede e informatização dos empreendimentos nas áreas contábeis e administrativas, com base em plataforma de software livre;

7.Formalização dos empreendimentos solidários na forma de microempresas solidários, associações ou cooperativas, conforme as especificidades do grupo;

8.Reforçar uma cultura de solidariedade, de cooperação e transparência entre os empreendimentos solidários, e entre a EMREDE ,as iniciativa privada e a GUAYÍ na implantação do modelo de confecção solidária.

.VII. Metodologia

Identificar e criar as condições necessárias para que quatro novos grupos solidários de confecção, oriundos de diferentes áreas da Região Metropolitana de Porto Alegre, sejam inseridos na Rede de Confecção Industrial Solidária.

Os 04 grupos serão selecionados entre aqueles que atuam em uma escala reduzida de produção e já possui uma articulação entre si através da EMREDE e com a Guayí na ação de mercado e seus trabalhadores devem residir na comunidade a qual o grupo pertence.

A EMREDE será responsável pelas orientações técnicas específicas que envolvem a produção de costura industrial e pelo processo de qualificação profissional.

A coordenação da Guayí organizará reuniões periódicas para discussão e planejamento do projeto onde participarão os representantes dos empreendimentos e a equipe técnica da Guayí.

A Escola de Formação da Guayí realizará seminários, cursos e oficinas de qualificação em autogestão e noções de cidadania, gênero, direitos humanos e desenvolvimento sustentável.

A equipe técnica da Guayí, que atuará junto aos trabalhadores nas suas unidades de produção, será responsável pela assessoria e monitoria nas áreas da produção, gestão, contabilidade, planejamento, vendas e marketing e informatização para os empreendimentos, bem como buscar parcerias com potenciais clientes e fornecedores de matéria-prima. (verticalização e expansão de uma nova forma de produção).

Os empreendimentos solidários serão assessorados por técnicos especializados para a formação da pessoa jurídica afim de que possam estabelecer relações jurídicas e comerciais e permanentes com o mercado através da EMREDE.

O projeto terá atingido seu objetivo quando os empreendimentos solidários estiverem formalizados com pessoa jurídica própria, articulados na EMREDE, inseridos no mercado com produção de qualidade e preços competitivos.

.IX – Resultados Esperados

Objetivo Específico

Indicadores de Resultados

Meios de Verificação

Fortalecer os quatro empreendimentos atuantes na rede de confecção industrial solidária;

Número de trabalhadores que utilizam o software;

Número de horas cursos temáticos;

Aumento no número de trabalhadores dos empreendimentos;

Planilhas de acompanhamento;

Documentos de reuniões do grupo;

Constituir e inserir quatro novos empreendimentos para ampliação da rede de confecção industrial solidária

Realização do diagnóstico e seleção dos grupos;

Aumento de empreendimentos autogestionários qualificados na rede até o final do projeto;

Entrevistas com público alvo;

Atas de reuniões com os grupos e associações comunitárias;

Documentação da Rede;

Qualificar os trabalhadores da confecção para autogestão

dos empreendimentos e para consolidação de rede de confecção industrial solidária;

Realização de cursos de autogestão;

Realização das oficinas temáticas;

Número de cursos e oficinas realizados;

Documentos de presença que comprovem número de trabalhadores

dos cursos e reuniões

Aperfeiçoar o sistema de logística da rede para a circulação

e distribuição da matéria prima e produto final;

Reuniões com empreendimento que atua na área de logística

atual da rede e com os empreendimentos da rede;

Plano de trabalho para a logística da rede;

Atas das reuniões;

Plano de trabalho definido;

Formalização dos empreendimentos solidários na forma de microempresas solidários, associações ou cooperativas, conforme as especificidades do grupo;

-Quatro empreendimentos solidários encaminhados para a

formalização em cooperativas, microempresas solidárias ou associações de trabalho e produção.

-Documentos de formalização ou protocolos para a formalização dos empreendimentos solidários.

Qualificação profissional dos trabalhadores para produção

industrial em escala;

Treinamento dos trabalhadores em confecção industrial;

Número de horas técnicas para treinamento;

Lista de presenças nas aulas;

Implantar um sistema informatizado para gestão da rede e

informatização dos empreendimentos nas áreas contábeis e administrativas, com base em plataforma de software livre;

Informatização dos empreendimentos;

Treinamento dos trabalhadores

Utilização do software;

Equipamentos nos grupos;

Planilhas de acompanhamento da gestão do grupo;

Documentação gerada pelo software;

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