Manifesto EMREDE



FORMALIZAÇÃO da EMREDE

Após uma atuação consistente nas últimas duas edições do Fórum Social Mundial realizadas no Brasil, em 2002 e 2003, a eco-sol EMREDE, em 2004, optou pela sua formalização enquanto a Associação dos Empreendimentos Solidários EMREDE do Rio Grande do Sul.

A Associação reúne empreendimentos dos setores da alimentação, confecção, artesanato, agricultura ecológica e serviços e tem como objetivo social integrar e viabilizar a melhor qualidade das relações e ações culturais e econômicas de seus associados fortalecendo as atividades econômicas conjuntas dos empreendimentos e ao desenvolvimento social da Economia Solidária no Estado.

No dia 28 de fevereiro, foi realizado na Av. Érico Veríssimo, 1450 em POA, sede do Bandejão, um dos empreendimentos associados, o Seminário EMREDE – Empreendimentos Solidários, com o objetivo de valorizar a integração e intercâmbio entre os associados, oportunizar a democratização dos conceitos e histórico da economia solidária e a socialização dos objetivos e informações diversas sobre a EMREDE entre todos os associados, assim como criar momentos de intercâmbios de idéias, propostas e planos entre os segmentos produtivos da EMREDE.

A Associação EMREDE também participou da VI Feira Estadual de Economia Solidária, realizada na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, de 30 de abril a 02 de maio.

.Manifesto

A vida não anda fácil para as trabalhadoras e trabalhadores. As necessidades mínimas de saúde, educação, moradia, trabalho, segurança e cultura não são garantidas pelo modelo socioeconômico atual.

Os trabalhadores, no período compreendido entre as décadas de 40 a 80, trabalhavam, na sua maioria, com carteira assinada e salários arrochados, fruto de uma forte exploração do trabalho, gerando concentração de renda e crescimento da pobreza e da miséria.

Desde a década de 90, com as transformações na economia e na sociedade causadas pelo aprofundamento da globalização e a implantação do neoliberalismo, as trabalhadoras e trabalhadores sofrem o crescimento do desemprego e do trabalho informal em detrimento da carteira assinada.

Para a juventude, sem experiência de trabalho anterior, as perspectivas de empregos formais são cada vez menores.

Para o segmento de 30 a 55 anos, com experiência de trabalho, a realidade é o desemprego e o trabalho informal.

Para todos, principalmente mulheres e negros, o atual modelo econômico não apresenta perspectivas de trabalho e segurança.

A economia brasileira, nesta década, não cresceu o suficiente para gerar a renda e os empregos necessários, devido a seu alto grau de concentração e desigualdades sociais, inviabilizando a inclusão social de milhares de trabalhadores.

Em relação à ação do Estado, as políticas públicas de inclusão social implantada pelos governos priorizaram, até agora, ações compensatórias para aqueles setores socialmente excluídos pela concentração socioeconômica.

Por outro lado, os setores empresariais tradicionais, em toda a história brasileira, foram sistematicamente apoiados pela ação estatal na sua constituição, instalação, desenvolvimento e consolidação.

Os empreendimentos solidários e grupo de trabalhadores que resolveram construir a Associação EMREDE, o fazem sob os princípios da economia solidária. As trabalhadoras e trabalhadores, que antes buscavam os seus emprego isoladamente, resolveram unir esforços, de forma cooperada e solidária, para construir suas próprias empresas autogestionárias e, assim, gerar seu próprio trabalho e renda.

Para conquistar este objetivo, os empreendimentos solidários contam com a cooperação e a solidariedade dos setores sociais que trabalham na construção de novas formas de trabalho, economia, autogestão e sociedade como as ong’s, universidades, entidades sociais e com o apoio dos governos.

Uma característica dos empreendimentos da economia solidária é o fato de que os trabalhadores da empresa são também os seus proprietários e responsáveis pela gestão. Esta prática estimula o crescimento individual e coletivo, na medida em que estabelece novas responsabilidades de autogestão e de conquista coletiva da própria renda.

Relações mais democráticas e horizontais na organização do trabalho e na geração da renda têm construído novas relações de cooperação e solidariedade, que iniciam no trabalho e se expandem para os demais espaços na sociedade e na vida das trabalhadoras e trabalhadores associados na economia solidária.

.Nossa caminhada

O caminho para gerar trabalho e renda, tendo como base uma nova ética de relacionamento humano da produção ao consumo, é determinado por enormes dificuldades.

Torna-se necessário construir uma mudança das limitações práticas do trabalho assalariado para as plenas tarefas da autogestão de empresas solidárias. O aprendizado prático e a formação em autogestão passam a ser a escola básica de trabalho para a organização de grupos econômicos produtivos.

Os produtos geralmente comercializados pelos trabalhadores, de forma isolada, como resistência ao desemprego são marginais na atividade econômica, gerando pouca renda e mantendo a exclusão econômica. A qualificação tecnológica dos produtos e a qualificação profissional dos trabalhadores são estratégicas para capacitar os empreendimentos solidários, tornando-os alternativa de consumo solidário para um grande número de pessoas.

Construir a passagem das atividades produtivas mais simples de fundo de quintal para a manufatura, a produção industrial e os serviços mais complexos é a tarefa histórica da economia solidária e o objetivo central da EMREDE.

Mesmo os empreendimentos solidários que já praticam estas novas experiências, ainda atuam isoladamente, arcando com todos os custos e conseqüências de um mercado desigual, concentrador e excludente. Para fortalecer estas novas práticas solidárias e cooperativas na economia por parte das trabalhadoras e trabalhadores associados, é muito importante que os empreendimentos se agrupem para a atuação conjunta, obtendo ganhos em escala e de organização, com uma ação em rede.

Os empreendimentos da economia solidária precisam de uma sólida unidade de ação junto aos agentes econômicos, instituições da sociedade e aos governos.

Os governos de todas as esferas, em especial os populares, têm a responsabilidade de implantar políticas públicas de trabalho e renda e tratar de forma especial os empreendimentos autogestionários. A economia solidária é a atitude propositiva frente à crise de desemprego apresentada pelas próprias trabalhadoras e trabalhadores. Esta ação estimula a atividade econômica local, realiza a inclusão social e prepara as bases para uma nova economia do trabalho, de caráter associativa, baseado na cooperação e na solidariedade.

A Associação EMREDE veio para ficar. E convida a todos os Empreendimentos Solidários, trabalhadores e trabalhadoras, ong’s, universidades e agentes públicos a construírem conosco esta caminhada. A Associação EMREDE está aberta a todos os empreendimentos solidários dispostos a construir relações permanentes de cooperação e solidariedade articulados em rede. São muitos os obstáculos, mas estamos convictos do rumo desta caminhada.

.Viva a Associação EMREDE!

.Viva a Economia Solidária!

.Por uma nova economia!

.Por uma nova sociedade!

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